Farto, feito o fraco
que em vão estanca
o sangue
que escorre ralo
Forte, feito o fraco
que com a mão disfarça
o pranto
e se ausenta
da missa de domingo
o fraco está farto
mas é fardo, estorvo,
estatística
a fome, besta fera,
aflora
por sua pele em pedra,
alastra
por todas as frestas
e marca
sua face seca
o fraco, a fome, o fardo
é fato!
sem nome, sem teto
tateando um presente
fétido
minha poesia,
fardo que carrego fértil
febre que a caneta guia
sobre a folha faminta!
terça-feira, 9 de março de 2010
Procurando emprego
primeira vez
que meus passos deixam seus rastros
por ruas, vielas, avenidas
primeira vez
que observo
prédios luxuosos,
casas, mansões
suas grades
(suposta proteção)
primeira vez
caminhando por estradas de terra
becos, travessias, favelas
observando seus barracões
plantados no alto
múltiplos olhares e mentes
cada universo que se expande
livres, até onde...
soltos na vida
os meus pés
reinventam quem sou
vão deixando pra trás
lembranças, memórias
mas trago bem guardado
num canto,
os motivos, os sorrisos, os fatos
(tanta gente, comigo trago)
abraços, beijos e vozes
o carinho dos felinos
com eles completo a tela
na qual redesenho
minha história
que é só um detalhe
na imensidão
dos dias...
que meus passos deixam seus rastros
por ruas, vielas, avenidas
primeira vez
que observo
prédios luxuosos,
casas, mansões
suas grades
(suposta proteção)
primeira vez
caminhando por estradas de terra
becos, travessias, favelas
observando seus barracões
plantados no alto
múltiplos olhares e mentes
cada universo que se expande
livres, até onde...
soltos na vida
os meus pés
reinventam quem sou
vão deixando pra trás
lembranças, memórias
mas trago bem guardado
num canto,
os motivos, os sorrisos, os fatos
(tanta gente, comigo trago)
abraços, beijos e vozes
o carinho dos felinos
com eles completo a tela
na qual redesenho
minha história
que é só um detalhe
na imensidão
dos dias...
domingo, 7 de março de 2010
sentimentos emudecidos (ou Angústia)
Quarto escuro
rançoso, úmido.
Coberto por trapos
pés descalços sobre os planos
despedaçados.
O olhar transpassa
a muralha
que avista da janela.
Além,
deserto e silêncio.
Pele enrugada
traços de terra seca
abraça o próprio corpo
tentando afugentar o frio
um quarto sem luz
paredes nuas
sem tamborete, sem corda
e o intransitivo pensamento:
- se ao menos eu pudesse lavar as mãos!
rançoso, úmido.
Coberto por trapos
pés descalços sobre os planos
despedaçados.
O olhar transpassa
a muralha
que avista da janela.
Além,
deserto e silêncio.
Pele enrugada
traços de terra seca
abraça o próprio corpo
tentando afugentar o frio
um quarto sem luz
paredes nuas
sem tamborete, sem corda
e o intransitivo pensamento:
- se ao menos eu pudesse lavar as mãos!
sábado, 6 de março de 2010
o que hão de dizer
quando o derradeiro instante
à porta bater...
"podia ser diferente
quem sabe...
se eu ousasse mais...
poderia ser diferente
quem sabe
se eu quisesse menos poder
e se de forma diferente
conjugasse
o verbo "ter"
ou quem sabe
se eu
escolhesse a porta dos fundos
quem sabe
se da janela pulasse
mas
o incerto,
o risco
é um abismo
no qual não quis mergulhar..."
o que hão de dizer
se acaso eu voltar
o que os críticos olhares
irão recitar
ah, se eles soubessem
como é acordar
vivendo o sonho
desvirginando a terra
com o próprio caminhar
ah, se eles pudessem
ao menos enxergar
além da crua certeza
do óbvio, do lógico...
ah...
e quem sabe
entenderiam
que os meus dias
são detalhes sentidos
no máximo estímulo
e
no
mínimo
músculo!
Maceió - 07/03/2010, 1:23 hs
quando o derradeiro instante
à porta bater...
"podia ser diferente
quem sabe...
se eu ousasse mais...
poderia ser diferente
quem sabe
se eu quisesse menos poder
e se de forma diferente
conjugasse
o verbo "ter"
ou quem sabe
se eu
escolhesse a porta dos fundos
quem sabe
se da janela pulasse
mas
o incerto,
o risco
é um abismo
no qual não quis mergulhar..."
o que hão de dizer
se acaso eu voltar
o que os críticos olhares
irão recitar
ah, se eles soubessem
como é acordar
vivendo o sonho
desvirginando a terra
com o próprio caminhar
ah, se eles pudessem
ao menos enxergar
além da crua certeza
do óbvio, do lógico...
ah...
e quem sabe
entenderiam
que os meus dias
são detalhes sentidos
no máximo estímulo
e
no
mínimo
músculo!
Maceió - 07/03/2010, 1:23 hs
sexta-feira, 5 de março de 2010
sonho de puisia
Madrugada chegou
desalento da janela
A lua ao longe escondeu
o brilho roubado
dos olhos dela
Uma pequena luz
reflete sobre o mar
clareia a alma minha,
clareia
a alma minha,
cansada de esperar
Mas essa visagem ainda encanta
os sentidos
sinto que ainda é tempo
de sonhar
sonho com o dia em que a brisa
a traga pra perto
e no eterno
entorpecer
a lua e ela
eu
e o mar
desalento da janela
A lua ao longe escondeu
o brilho roubado
dos olhos dela
Uma pequena luz
reflete sobre o mar
clareia a alma minha,
clareia
a alma minha,
cansada de esperar
Mas essa visagem ainda encanta
os sentidos
sinto que ainda é tempo
de sonhar
sonho com o dia em que a brisa
a traga pra perto
e no eterno
entorpecer
a lua e ela
eu
e o mar
terça-feira, 2 de março de 2010
Cantiga de Ninar (150 miligramas)
- A cidade se transforma e transtorna quem passa e sente
Elevam-se as ditas belas estruturas, cinzas futuras,
Elegância decadente
Mãe,
Quanto tempo resta
até o apagar das luzes
quando as cortinas baixam
tremo de medo
é que meus fantasmas me visitam
quando estou sozinho
Mãe,
Arranque estes dias de chumbo
do meu travesseiro
Mãe,
Mais uma dose de acalanto
de suas ásperas mãos
Pra lida diária
150 miligramas, quem sabe bastem
Domingo vamos ao parque
de diversões
Mãe,
Eu não esperava que seu beijo
me sufocasse
(?) quem vai colher as flores
que do caos desabrocham
(?) quem vai ler meus
Ingênuos versos
(!) em suas antigas canções
estes homens não existiam
Mãe...
(?) porque não me contou
sobre este longo inverno
(inspirado no Curta metragem: 150 Miligramas, de André Novais a quem dedico este poema)
Belo Horizonte, 2009
- A cidade se transforma e transtorna quem passa e sente
Elevam-se as ditas belas estruturas, cinzas futuras,
Elegância decadente
Mãe,
Quanto tempo resta
até o apagar das luzes
quando as cortinas baixam
tremo de medo
é que meus fantasmas me visitam
quando estou sozinho
Mãe,
Arranque estes dias de chumbo
do meu travesseiro
Mãe,
Mais uma dose de acalanto
de suas ásperas mãos
Pra lida diária
150 miligramas, quem sabe bastem
Domingo vamos ao parque
de diversões
Mãe,
Eu não esperava que seu beijo
me sufocasse
(?) quem vai colher as flores
que do caos desabrocham
(?) quem vai ler meus
Ingênuos versos
(!) em suas antigas canções
estes homens não existiam
Mãe...
(?) porque não me contou
sobre este longo inverno
(inspirado no Curta metragem: 150 Miligramas, de André Novais a quem dedico este poema)
Belo Horizonte, 2009
segunda-feira, 1 de março de 2010
casa nova
Cozinha quadriculada
deste imenso quarto e sala
vista para o mar
distante...
o olhar tão distante
da casa primeira
onde habitam nossos pais
Tudo é novo
novo e estranho
o soar das ondas quebrando
o sotaque, o formato da face
os transeuntes que passam
o pisar dos nossos pés sobre a areia
o lugar que escolhemos
para erguer nosso lar.
Navega em meu peito
a saudade dos que nos amam
pais, irmãos, amigos... felinos
o conforto das ruas conhecidas
o tempero, a fala e os gestos...
Caminhamos lado a lado
pelas ruas da cidade que escolhemos
para reinventar
nossos dias na vida...
Maceió - Fevereiro, 2010
deste imenso quarto e sala
vista para o mar
distante...
o olhar tão distante
da casa primeira
onde habitam nossos pais
Tudo é novo
novo e estranho
o soar das ondas quebrando
o sotaque, o formato da face
os transeuntes que passam
o pisar dos nossos pés sobre a areia
o lugar que escolhemos
para erguer nosso lar.
Navega em meu peito
a saudade dos que nos amam
pais, irmãos, amigos... felinos
o conforto das ruas conhecidas
o tempero, a fala e os gestos...
Caminhamos lado a lado
pelas ruas da cidade que escolhemos
para reinventar
nossos dias na vida...
Maceió - Fevereiro, 2010
(...)
No meu apartamento têm três janelas
mostrando-me detalhes da paisagem
o mar e os coqueiros,
os prédios e os carros,
os indigentes deitados sob a marquise...
Maceió - Março, 2010
mostrando-me detalhes da paisagem
o mar e os coqueiros,
os prédios e os carros,
os indigentes deitados sob a marquise...
Maceió - Março, 2010
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