sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

02/12

olhos negros procuram, tateando a noite em sombras
todos estranhos, todos sonâmbulos
mãos suadas no bolso da jaqueta
a voz metálica rasga a escuridão
um amontoado de palavras ininteligíveis
isolado, gira em círculos
voltas e voltas ao redor
de si

quantas mentiras é preciso para construir um homem?
quanto é preciso para mantê-lo protegido?
como entretê-lo para seguir entorpecido?
qual Deus o salvará
de si?

a mente folheia o passado
somente ruínas, somente desesjos desfeitos
ao redor, nada que as mãos possam tocar
nenhuma promessa em que acreditar
nada para os dias que virão
só como nunca imaginou

só, como nunca imaginou

sem atalhos, sem desvios
um deus jogado contra a parede
todas verdades espatifadas
todas mentiras liquefeitas
e agora
quem irá protegê-lo
de si

Sem comentários:

Enviar um comentário